É um nome coletivo para sistemas de uso da terra e tecnologias onde espécies madeiráveis são deliberadamente usadas numa mesma unidade de manejo de terra com cultivos anuais, espécies semi-perenes, perenes e/ou animais, de maneira que o arranjo seja sequencial ou temporal, havendo interações ecológicas e econômicas entre os diferentes componentes. Na condução das agroflorestas; árvores e arbustos são utilizados juntamente com a agricultura e/ou com animais numa mesma área, em um manejo que leva em consideração o tempo e o espaço. A adubação é feita de forma natural através da poda das árvores e da adubação verde.
Assim, na recomposição ambiental, sistemas agroflorestais (SAFs) podem ser uma outra forma de associar a produção de alimentos á conservação ou recuperação da natureza. Nessa forma de produção a espécies climax pode ser uma nativa, consorciada com plantios de determinadas cultura anuais ou semiperenes, já que o sistema também busca entender o funcionamento da natureza e imitá-la.
Vantagens ambientais dos SAFs:
O custo e a rapidez para que um local se recomponha depende do seu do nível de degradação e consequentemente do seu potencial de regeneração natural. Assim, quanto mais degradado em termos dos componentes físicos, químicos e biológicos do ambiente, mais tempo e mais oneroso poderá ser a sua recomposição.
Locais com BAIXO potencial de regeneração natural, devem apresentar: a) remanescentes naturais da vegetação a ser recomposta MUITO DISTANTES OU AUSENTES para a dispersão de sementes, b) banco de plântulas (indivíduos de plântulas jovens) e/ou banco de sementes INEXISTENTE no solo em condições ambientais adequadas para sua germinação e desenvolvimento e c) GRANDE espécies invasoras competidoras.
SAFs buscam imitar a estrutura, a função, a diversidade e a dinâmica de ecossistemas originais, trazendo qualidade ambiental e produção de alimentos e valorizam a interação entre os componentes animal, agrícola e florestal. Essa combinação pode ser temporal, em rotação ou em consórcios de espécies nativas e exóticas.
Retorno econômico acontece nos primeiros anos, provenientes de espécies anuais de recobrimento (feijão, arroz, milho), hortaliças, adubos verdes (feijão-de- porco, guandu, crotalária,) e semiperenes (mandioca, abacaxi, banana, mamão). A produtividade dessas culturas diminui à medida que ocorre o aumento da competição com as espécies lenhosas de diversidade (angico, pequi, aroeira, gonçalo-alves, etc.).
Nesta fase, as espécies frutíferas iniciaram sua etapa produtiva a partir do quarto ano e já atingiram estabilidade produtiva; as espécies madeiráveis podem ser colhidas entre 6 e 10 anos para fornecer energia (eucalipto, por exemplo); e apresenta redução na demanda de mão de obra em razão da menor intensidade nas atividades de manutenção das espécies frutíferas e madeiráveis.
Intrínsecos: aceitação e aptidão pelos produtores para cultivar espécies selecionadas; dificuldades no desenvolvimento do SAF por excesso de competição entre os componentes por luz e nutrientes. A seleção de espécies inadequadas para as características edafoclimáticas do local. Extrínsecos: dificuldades de aceitação, escoamento e venda da produção.
Porque monitorar?
O sucesso do monitoramento envolve diagnosticar, tomar decisões, intervir e avaliar os resultados da intervenção. Isso permite entender os parâmetros e os processos envolvidos na recomposição. Esse processo se repete no tempo, portanto, a recomposição deve acontecer em etapas, iniciando com áreas relativamente pequenas. Os resultados fornecem orientação para novas intervenções, permitindo encontrar erros e corrigi-los nos próximos plantios. Ações importantes no monitoramento: testar, aprender e corrigir.
O que monitorar?
Estrutura, diversidade e composição da vegetação são parâmetros comumente avaliados na restauração ecológica, pois são capazes de predizer o sucesso de recomposição da vegetação. Parâmetros simples para avaliar sucesso são densidade (número de indivíduos/ área) e riqueza (número de espécies) de plantas e cobertura do solo por diferentes formas de vida (vegetação competidora, solo exposto e árvores, arbustos e herbáceas nativas).
Como monitorar?
Os parâmetros podem ser avaliados por métodos simples. Na linha de amostragem marcada em uma trena no solo, posicionar a cada 50 cm uma vara de 2 m dividida em quatro partes de 50 cm. Em cada uma das quatro partes da vara, avalia-se todos os elementos vegetais que tocam nela. Para avaliar a riqueza de espécies e a densidade de regenerantes lenhosos com mais de 30 cm de altura, estica-se uma trena de 25 m numa faixa 1 m para cada lado da trena e contam-se as plântulas e arvoretas. Imagens fotográficas em épocas diferentes na mesma escala também ajudam a comparar a vegetação nativa, o solo exposto e as plantas competidoras em um mesmo local.
Onde monitorar?
Cada um dos parâmetros acima devem ser monitorados em área representativa do processo de recomposição.
Quando monitorar?
A legislação prevê que o proprietário rural tem 20 anos para a adequação ambiental, assim os parâmetros de sucesso devem ser avaliados periódicamente, de preferência no final da estação chuvosa.
Quem monitora?
Equipe que tenha alguma experiência em identificar e avaliar os parâmetros de sucesso no processo de recomposição da vegetação nativa.
EMBRAPA. Multimídia: banco de imagens. Disponível em: <https://www.webambiente.cnptia.embrapa.br/webambiente/wiki/lib/exe/detail.php?id=webambiente%3Asafs_sistema_agroflorestal&media=webambiente:3h-_2-3_anos_.jpg>. Acesso em: 25 set. 2007.
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PATRICIA YAMAMOTO. Ilustração em aquarela para a publicação INICIATIVA VERDE. Desenvolvimento rural sustentável: agroecologia e sistemas agroflorestais, 2014. Disponível em: <http://www.iniciativaverde.org.br/biblioteca-nossas-publicacoes.php>. Acesso em: 27 set. 2017.