Manejo com Semeadura Direta - Formações Campestres

Semeadura direta - Uso de sementes, ao invés de mudas ou plântulas, para estabelecer populações vegetais de espécies arbustivas e herbáceas em áreas em processo de recuperação. Pode ser feito em área total (a lanço) ou em linhas.

Implantação

As sementes são plantadas em grande quantidade para garantir o estabelecimento. A operação a lanço permite que a área toda seja alcançada no plantio. Para formações savânicas e campestres devem ser semeadas espécies de gramíneas e arbustos em alta densidade para recobrir completamente o solo. Espécies arbóreas devem ser semeadas para as formações savânicas, no entanto em densidade menor do que seria necessário para as florestas. Áreas distantes de fontes de sementes devem receber maior diversidade de espécies. Método particularmente interessante para os estratos herbáceo e arbustivo, que também podem ser contemplados. As sementes também podem ser plantadas em linha para garantir o estabelecimento. O plantio em linhas é recomendado para espécies de interesse econômico que se pretende incluir na restauração. Estas linhas devem ser entremeadas por semeadura de gramíneas e arbustos nativos para recobrir o solo.

Resultados Esperados após 2-3 anos

A área deve ter o solo predominantemente coberto por espécies de gramíneas e arbustos nativos, ainda que possam ocorrer gramíneas exóticas.

Resultados Esperados após 10 anos

A vegetação não apresenta mais a presença de gramíneas exóticas, assim não necessita mais de manejo para seguir sua evolução no sentido de atingir a estabilidade nos passos da sucessão, com a presença de espécies de diversos grupos funcionais. Regenerantes originados da chuva de sementes do próprio plantio e de áreas próximas surgem. Estes regenerantes garantirão a dinâmica da evolução da comunidade

Riscos esperados para o método

O preparo do solo, as condições climáticas ou mesmo a germinabilidade das sementes no momento do plantio pode não ter sido adequado, resultando em baixa germinação e retorno da vegetação competidora indesejável. O plantio em baixa densidade de sementes, menor do que o desejado para estabelecer uma densa cobertura de nativas pode determinar o insucesso do plantio. Lembrar que a semeadura direta pode ser efetiva para apenas algumas espécies, proporcionando uma diversidade reduzida de espécies. O controle inadequado das competidoras pode determinar o insucesso do plantio. A semeadura direta em área total é difícil de ser manejada para eliminar competidoras exóticas, enquanto na semeadura em linhas é mais fácil, mas exige manutenção por um período maior de tempo, especialmente quando as linhas são muito espaçadas. Além disso, a ocorrência de elevada infestação de formigas cortadeiras no local também pode inibir o estabelecimento e o bom crescimento de plantas regenerantes ou mesmo as plantadas.

Monitoramento

Toda ação de restauração deve ser monitorada e manejada conforme seus resultados. Em qualquer um dos métodos utilizados, o seu monitoramento indicará se o método escolhido está adequado e se está bem conduzido para permitir o retorno da vegetação nativa. A condução deste processo envolve diagnóstico, tomada de decisões, intervenção e avaliação dos resultados. Após a avaliação, nova tomada de decisão pode ser necessária, e assim por diante. Por isso, a principio recomenda-se que a restauração seja feita em etapas, realizando pequenas áreas no início, para que os resultados da restauração forneçam informações e retroalimente com informações especificas para as próximas intervenções. O monitoramento permite analisar se o método empregado está desencadeando a regeneração natural necessária para o retorno da vegetação nativa. A qualidade do solo, e da estrutura, diversidade e composição da vegetação são características comumente avaliadas em um monitoramento de restauração ecológica, e são capazes de predizer o sucesso da recomposição da vegetação. Os métodos mais simples para utilização por um técnico ou agricultor são a associação da cobertura do solo, a densidade de plantas presentes e a sua riqueza. A cobertura do solo por forma de vida (vegetação competidora, solo exposto, árvores, arbustos e herbáceas nativas), pode ser realizada utilizando métodos mais simples como a porcentagem de ocupação do ambiente em diferentes estratos ao longo de uma determinada distancia, por métodos um pouco mais elaborado como o método de pontos ao longo de uma trena esticada, onde é posicionada a cada 50 cm uma vara de bambu com dois metros de comprimento, dividida em quatro partes de 50 cm, nas quais observam-se todos os elementos que tocam na vara. Métodos mais sofisticados baseados em imagens fotografias podem ser feitas anualmente no mesmo lugar para comparar a cobertura do solo, e assim poder verificar se a variação temporal da cobertura por vegetação nativa aumenta e se o solo exposto e a vegetação competidora diminuem. Para medir a riqueza de espécies e a densidade de regenerantes lenhosos com mais de 30 cm de altura, estica-se uma trena de 25 metros e numa faixa 1 metro ao longo da trena contam-se as plântulas e arvoretas. Para conhecer mais métodos de monitoramento de áreas em restauração, veja o protocolo de monitoramento da restauração da secretaria do Meio Ambiente de São Paulo e O Guia de restauração do Cerrado, Volume 1: Semeadura direta.