A estratégia de Adensamento envolve o plantio de mudas ou sementes de espécies de recobrimento que preenchem os espaços vazios ou ocupados por invasoras indesejáveis entre os indivíduos das espécies nativas já estabelecidos no local a ser recomposto. Espécies de recobrimento são aquelas que possuem na sua biologia ciclo relativamente curto, rápido crescimento com rápida cobertura do solo com biomassa e são relativamente fáceis de serem retiradas do sistema. Elas são usadas onde as espécies nativas de diversidade não conseguem recobrir o solo satisfatoriamente, por conta da competição com espécies invasoras por exemplo, e assim nao conseguem garantir que passos no processo de regeneração natural aconteçam.
A técnica de plantio de espécies predominantemente pioneiras para promover rápido recobrimento do solo é muito interessante para proteger o solo de processos erosivos ou mesmo da competição de invasoras. A legislação prevê que algumas espécies exóticas podem ser utilizadas neste sentido. Contudo, o sucesso da restauração no longo prazo depende da adoção de outras técnicas visando o aumento da diversidade de espécies na área, em especial com espécies de ciclo longo, garantindo o sucesso da restauração no longo prazo. Entre as técnicas recomendadas para plantios subsequentes podem ser citadas o plantio direto de sementes e mudas ou mesmo a nucleação.
Locais com MÉDIO potencial de regeneração natural, devem apresentar: a) remanescentes naturais da vegetação a ser recomposta relativamente DISTANTES para a dispersão de sementes, b) banco de plântulas (indivíduos de plântulas jovens) e/ou banco de sementes no solo PEQUENO ou em condições ambientais pouco adequadas para sua germinação e desenvolvimento e c) infestação de espécies invasoras competidoras
Consiste na introdução de sementes e (ou) mudas de espécies nativas, principalmente com características de recobrimento, nos espaços com falhas de regeneração natural por degradação do solo ou eliminação das invasoras. Esse procedimento acelera a recolonização por espécies nativas, melhora as condições do solo e ajuda na supressão das espécies agressivas.
O adensamento com o plantio de espécies nativas por mudas ou semeadura direta de espécies de recobrimento deve acelerar a ocupação e cobertura da área e a vegetação agressiva tende a diminuir no local pela competição. As copas das plântulas das espécies de recobrimento já ocupam a maior parte da área e alguns indivíduos já despontam em altura.
A vegetação tem característica de formação secundária, que não necessita mais de manejo para seguir o seu desenvolvimento no sentido de alcançar os estádios finais da sucessão, definido pela presença de espécies dos grupos de recobrimento e de diversidade. Nessa etapa, surgem regenerantes originados da chuva de sementes de áreas próximas ou mesmo de plantas do próprio plantio.
A intensa cobertura de espécies competidoras ou a degradação do solo podem impedir o crescimento das mudas e (ou) das sementes plantadas e de plantas jovens regenerantes. Além disso, elevada infestação de formigas cortadeiras pode inibir o estabelecimento e o bom crescimento das plantas estabelecidas.
Porque monitorar?
O sucesso do monitoramento envolve diagnosticar, tomar decisões, intervir e avaliar os resultados da intervenção. Isso permite entender os parâmetros e os processos envolvidos na recomposição. Esse processo se repete no tempo, portanto, a recomposição deve acontecer em etapas, iniciando com áreas relativamente pequenas. Os resultados fornecem orientação para novas intervenções, permitindo encontrar erros e corrigi-los nos próximos plantios. Ações importantes no monitoramento: testar, aprender e corrigir.
O que monitorar?
Estrutura, diversidade e composição da vegetação são parâmetros comumente avaliados na restauração ecológica, pois são capazes de predizer o sucesso de recomposição da vegetação. Parâmetros simples para avaliar sucesso são densidade (número de indivíduos/ área) e riqueza (número de espécies) de plantas e cobertura do solo por diferentes formas de vida (vegetação competidora, solo exposto e árvores, arbustos e herbáceas nativas).
Como monitorar?
Os parâmetros podem ser avaliados por métodos simples. Na linha de amostragem marcada em uma trena no solo, posicionar a cada 50 cm uma vara de 2 m dividida em quatro partes de 50 cm. Em cada uma das quatro partes da vara, avalia-se todos os elementos vegetais que tocam nela. Para avaliar a riqueza de espécies e a densidade de regenerantes lenhosos com mais de 30 cm de altura, estica-se uma trena de 25 m numa faixa 1 m para cada lado da trena e contam-se as plântulas e arvoretas. Imagens fotográficas em épocas diferentes na mesma escala também ajudam a comparar a vegetação nativa, o solo exposto e as plantas competidoras em um mesmo local.
Onde monitorar?
Cada um dos parâmetros acima devem ser monitorados em área representativa do processo de recomposição.
Quando monitorar?
A legislação prevê que o proprietário rural tem 20 anos para a adequação ambiental, assim os parâmetros de sucesso devem ser avaliados periódicamente, de preferência no final da estação chuvosa.
Quem monitora?
Equipe que tenha alguma experiência em identificar e avaliar os parâmetros de sucesso no processo de recomposição da vegetação nativa.
VIVEIRO JARAGUÁ. Manual de plantio. Disponível em: <http://www.viveirojaragua.com.br/plantio.asp>. Acesso em: 07 out. 2017.