Em situações onde há espécies competidoras em excesso, ou espécies agressivas que dificultam a germinação e o crescimento de espécies regenerantes de interesse, torna-se necessário o controle dessas competidoras. O controle pode ser feito eliminando-as ao redor dos indivíduos regenerantes ou em área total.
Coroamento manual, Floresta Estadual de Batatais, SP (A) e detalhe do “coroamento” de um indivíduo arbóreo jovem na Fazenda Guariroba, Campinas, SP. (B)
O custo e a rapidez para que um local se recomponha depende do seu do nível de degradação e consequentemente do seu potencial de regeneração natural. Assim, quanto mais degradado em termos dos componentes físicos, químicos e biológicos do ambiente, mais tempo e mais oneroso poderá ser a sua recomposição.
Locais com MÉDIO potencial de regeneração natural, devem apresentar: a) remanescentes naturais da vegetação a ser recomposta relativamente DISTANTES para a dispersão de sementes, b) banco de plântulas (indivíduos de plântulas jovens) e/ou banco de sementes no solo PEQUENO ou em condições ambientais pouco adequadas para sua germinação e desenvolvimento e c) infestação de espécies invasoras competidoras.
Como existe forte competição por plantas invasoras que impedem tanto a chegada das sementes de remanescentes naturais próximos quanto a rebrota e o desenvolvimento dos regenerantes nativos ainda presentes, recomenda-se eliminar plantas indesejadas, adubação das remanescentes, quando for o caso, e a descompactação do solo para favorecer a regeneração natural.
Ao remover as gramíneas africanas e espécies competidoras agressivas, os regenerantes aumentam em densidade e aceleram o crescimento. As copas dos regenerantes ocupam a maior parte da área e alguns regenerantes despontam com alguns metros de altura.
A vegetação tem característica de formação secundária, que não necessita mais de manejo para seguir o seu desenvolvimento no sentido de alcançar os estádios finais da sucessão, definido pela presença de espécies dos grupos de recobrimento e de diversidade. Nessa etapa, surgem regenerantes originados da chuva de sementes de áreas próximas ou mesmo de plantas do próprio plantio.
Mesmo retirando a vegetação competidora, não há ocupação e crescimento de regenerantes. Então, a vegetação competidora se restabelece ou o solo fica descoberto e inicia-se um processo de erosão.
Porque monitorar?
O sucesso do monitoramento envolve diagnosticar, tomar decisões, intervir e avaliar os resultados da intervenção. Isso permite entender os parâmetros e os processos envolvidos na recomposição. Esse processo se repete no tempo, portanto, a recomposição deve acontecer em etapas, iniciando com áreas relativamente pequenas. Os resultados fornecem orientação para novas intervenções, permitindo encontrar erros e corrigi-los nos próximos plantios. Ações importantes no monitoramento: testar, aprender e corrigir.
O que monitorar?
Estrutura, diversidade e composição da vegetação são parâmetros comumente avaliados na restauração ecológica, pois são capazes de predizer o sucesso de recomposição da vegetação. Parâmetros simples para avaliar sucesso são densidade (número de indivíduos/ área) e riqueza (número de espécies) de plantas e cobertura do solo por diferentes formas de vida (vegetação competidora, solo exposto e árvores, arbustos e herbáceas nativas).
Como monitorar?
Os parâmetros podem ser avaliados por métodos simples. Na linha de amostragem marcada em uma trena no solo, posicionar a cada 50 cm uma vara de 2 m dividida em quatro partes de 50 cm. Em cada uma das quatro partes da vara, avalia-se todos os elementos vegetais que tocam nela. Para avaliar a riqueza de espécies e a densidade de regenerantes lenhosos com mais de 30 cm de altura, estica-se uma trena de 25 m numa faixa 1 m para cada lado da trena e contam-se as plântulas e arvoretas. Imagens fotográficas em épocas diferentes na mesma escala também ajudam a comparar a vegetação nativa, o solo exposto e as plantas competidoras em um mesmo local.
Onde monitorar?
Cada um dos parâmetros acima devem ser monitorados em área representativa do processo de recomposição.
Quando monitorar?
A legislação prevê que o proprietário rural tem 20 anos para a adequação ambiental, assim os parâmetros de sucesso devem ser avaliados periódicamente, de preferência no final da estação chuvosa.
Quem monitora?
Equipe que tenha alguma experiência em identificar e avaliar os parâmetros de sucesso no processo de recomposição da vegetação nativa.
Restauração florestal, com enfoque no controle de plantas daninhas. Esta publicação surgiu a partir da dificuldade enfrentada pelas equipes da Embrapa e da UFRRJ para executar essa tarefa em seus projetos de reflorestamento. As diferentes estratégias utilizadas, amadurecidas ao longo dos anos de experiência, principalmente no Estado do Rio de Janeiro, são descritas neste livro em linguagem acessível e organizadas em apenas um documento. Restaurar áreas onde a matriz predominante é formada por pastagem é um grande desafio, que pode ser vencido a partir de técnicas muitas vezes mais relacionadas ao bom planejamento do que a elevados investimentos. Dessa forma, acreditando que o cadastro ambiental rural poderá identificar a necessidade de plantio florestal de grandes áreas onde a matriz predominante é a pastagem e que isso será uma novidade para muitos dos técnicos que irão atuar no setor, este livro chama a atenção para questões importantes, que devem ser levadas em conta, antes, durante e após o plantio das mudas. Assim, desejamos que esse livro seja lido como um orientador, um apoio e não um documento definitivo para o controle de plantas indesejáveis na restauração florestal. bara baixar o livro clique a seguir : https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1064645/controle-de-plantas-daninhas-em-restauracao-florestal