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Métodos de recomposição

Para cada área a ser recomposta na propriedade deve ser indicado o método de recomposição a ser adotado. Essa decisão deve ser tomada a partir do diagnóstico. Dependendo do objetivo e do potencial de regeneração natural, o método pode envolver desde a condução da regeneração natural até o plantio em área total.

As possíveis relações entre as condições da área, a intensidade da pressão antrópica e suas implicações na regeneração natural que vão refletir diretamente na escolha dos métodos e estratégias de recomposição mais adequados são sintetizados no quadro abaixo (Figura 1).

Figura 1. Quadro-síntese dos diferentes métodos e estratégias de recomposição com base nas diferentes condições pré-existentes em áreas com passivos ambientais.

Condução da regeneração natural

Em virtude de o local apresentar alto potencial de regeneração natural, esta estratégia consiste em deixar os processos naturais atuarem livremente para que a recomposição aconteça. A intervenção humana vai acontecer somente no controle dos fatores de degradação. Somente poderá ser utilizada se a área apresentar alta densidade de plantas de espécies nativas regenerantes, incluindo rebrotas. Como o potencial de regeneração natural do local a ser recuperado é alto (identificado por levantamento), a tomada de algumas medidas, como o isolamento da área pelo uso de cercas, a construção/manutenção de aceiros e carreadores, permitirá a recomposição da vegetação ao longo do tempo. As intervenções se restringem apenas na à eliminação ou mitigação dos fatores que impedem a regeneração. A condução da regeneração natural pode ocorrer e ser viável em todos os tipos de vegetação.

Manejo da Regeneração Natural

Essa estratégia é sugerida quando há baixa densidade de plantas e diversidade de espécies nativas regenerantes; relativo distanciamento de remanescentes de vegetação nativa; ocorrência de solos compactados e elevada ocorrência de espécies invasoras. Esses fatores, em conjunto ou em separado, dificultam o estabelecimento dos regenerantes nativos, incluindo as rebrotas, demandando ações complementares. Por exemplo, no caso do bioma Cerrado e fitofisionomia florestal, manejar a regeneração natural é sugerido quando, mesmo havendo regenerantes (por exemplo, de mil a 3 mil regenerantes por hectare), não há acréscimo desse número ou mesmo o desenvolvimento das plantas existentes; ou ainda, quando há chuva de sementes de remanescentes vizinhos, mas as sementes não germinam, sejam por impedimentos causados pela presença de gramíneas invasoras (ex: braquiária), ou pela ocorrência de solo compactado ou exposto, sendo carreadas pelas águas das chuvas. Já na Caatinga é comum a ocorrência de solos nus com a presença de árvores nativas esparsas e apenas com a retirada de animais, o estrato herbáceo recoloniza as áreas e inicia o processo de sucessão. Áreas de Cerrado em regiões mais secas, como no Norte de Minas Gerais, em condições de solos nus, sujeitos à erosão laminar a cada chuva e onde as sementes não se estabelecem, a construção de terraços com trator e a construção de sulcos feitos com enxadão em intervalos de 1 m a 2 m desencadeou o processo de recuperação da vegetação, com alta cobertura de capins nativos.

Manejo da regeneração natural com adensamento

Nessa estratégia o adensamento é utilizado para preencher clareiras de regeneração com espécies de rápido crescimento, cobrindo toda a área em recomposição. Com o adensamento, há um controle mais rápido das plantas invasoras exóticas ou de processos erosivos. Outra possibilidade é o adensamento com espécies desejadas pelo proprietário, tais como espécies exóticas ou nativas de valor econômico. Esta condição pode ser indicada se houver regeneração natural na área, sendo necessário, contudo, a introdução de indivíduos de espécies nativas principalmente do estádio inicial de sucessão (espécies de cobertura) nos espaços onde há falhas de regeneração natural. Esse procedimento acelera a cobertura do solo por espécies nativas e aumenta as chances de a regeneração natural suprimir as espécies indesejáveis. O adensamento pode ser feito com espécies pioneiras de crescimento rápido e boa cobertura, utilizando semeadura direta, plantio de mudas ou pela propagação vegetativa. A adição destas espécies contribui para melhorar as condições do solo e para o aumento da diversidade em áreas distantes de remanescentes de vegetação nativa. A lista de espécies sugeridas pelo Simulador do WebAmbiente também contém informações sobre suas características de cobertura ou recobrimento.

Manejo da regeneração natural com enriquecimento

O enriquecimento é indicado quando a área possuir regeneração natural de espécies pioneiras, necessitando, contudo, introdução de espécies tardias da sucessão ecológica, garantindo que a floresta ou a savana, mantenha-se ao invés de declinar com a morte das espécies pioneiras (florestas) ou ervas pioneiras (savanas). O enriquecimento também pode ser feito com introdução de espécies de valor econômico. Pode ser realizado por meio de sementes, mudas ou por meio de propagação vegetativa. A lista de espécies sugeridas pelo simulador do WebAmbiente também contém informações sobre suas características relatadas na literatura, incluindo os estágios de sucessão ecológica, se iniciais ou finais, ou de cobertura ou recobrimento.

Manejo da regeneração natural com nucleação

Essa condição é indicada se houver regeneração natural na área, sendo, contudo, necessário a introdução de novas espécies. A intervenção consiste em formar “ilhas” ou núcleos de vegetação, ou outros meios que contribuam para a chegada de propágulos da vegetação nativa de outras áreas, como poleiros e galharias. Os núcleos tendem a facilitar a ocupação por outras espécies de maneira heterogênea, gerando diversidade. Assim, a partir desses núcleos, a vegetação secundária se expande ao longo do tempo e acelera o processo de sucessão natural. Além dos poleiros e galharias, o núcleo pode ser formado pelos seguintes meios: semeadura direta, plantio de mudas, transposição de solo, ou uma combinação das técnicas. Os núcleos são estabelecidos em 10% da área. Quando os núcleos são estabelecidos em áreas com menor potencial de regeneração natural devem ser estabelecidos mais núcleos por área. O manejo é realizado dentro dos núcleos para favorecer o estabelecimento das plântulas e mudas. Em geral, os espaços entre núcleos não são manejados, porém o restaurador pode optar por eliminar ou substituir a vegetação agressiva por outra menos agressiva, ou que facilite a expansão dos núcleos e a chegada de novas plantas.

Plantio em área total

Quando a área não tem potencial de regeneração natural, procedimentos operacionais pré-plantio, plantio e pós-plantio são necessários. Esses procedimentos envolvem ações como o isolamento das causas da degradação, a prevenção contra o fogo, o controle de plantas invasoras e de formigas cortadeiras, a descompactação do solo e até mesmo o controle de processos erosivos e a correção da fertilidade natural, entre outros. O plantio em área total, seja por mudas, semeadura direta, estacas ou uma combinação das três, é recomendado para locais com baixo ou nenhum potencial de regeneração natural, com menos de mil plantas por hectare e quando a densidade e cobertura de regenerantes não aumenta naturalmente após dois anos de isolamento. Esse método requer maior investimento e preparo da área.

Sistemas agroflorestais

O processo de recomposição em área total ou do manejo da regeneração natural poderá resultar em sistemas produtivos, como os Sistemas Agroflorestais (SAF). Segundo a Lei 12.651/2012 (Brasil, 2012a) tais sistemas são permitidos em APP em propriedades com menos de quatro módulos fiscais e em ARL de propriedades de qualquer tamanho. Nesse caso, sua utilização deverá ser prevista na elaboração do projeto, atendendo ao disposto nos respectivos PRA estaduais. Os SAF são muito intensivos em mão de obra, o que pode ser compensado pelo retorno financeiro da produção. Há diversos modelos de SAF, mas nem todos atendem às normativas do PRA, sendo que os que abrangem mais espécies e objetivam a estruturação de ambientes florestais são os recomendados para a recomposição de APP e de ARL.

webambiente/roteiroprada5.txt · Last modified: 2022/04/01 18:15 (external edit)