User Tools

Site Tools


webambiente:semeadura_direta

Manejo com Semeadura Direta - Formações Florestais e Savânicas

Entende-se como Semeadura Direta o ato de depositar diretamente no solo sementes (propagação sexuada) ou partes de plantas (propagação vegetativa), como uma alternativa ao plantio de mudas. Esse plantio pode ser feito em linhas ou sucos, podendo ser manual ou por meio de equipamentos os quais podem ser desde matracas ou mesmo plantadeiras acopladas a tratores. O plantio ocorre, preferencialmente, sem qualquer revolvimento do solo sobre biomassa desecada. Contudo, a aração (ou mesmo subsolagem) e gradagem podem ser recomendadas em solos compactados.

Sementes de espécies nativas com bom potencial de germinação são plantadas em grande quantidade para garantir germinação, emergencia e estabelecimento. A operação a lanço permite que a área toda seja alcançada no plantio, que pode ser manual, mecanizado ou ambos. Podem ser semeadas apenas espécies pioneiras, em alta diversidade, ou junto com espécies secundárias, dependendo da resiliência da área.

Locais distantes de fontes de sementes (remanescentes naturais) devem receber maior diversidade de espécies. Método é particularmente importante para os estratos herbáceo e arbustivo. O plantio também pode ser realizado em linhas previamente preparadas, cujo espaçamento entre elas pode variar de 50 cm a alguns metros.

Como a porcentagem de perda pode ser maior que o considerado na produção de mudas, o custo deve ser considerado com os preços locais de coleta de sementes ou mesmo da sua comercialização quando disponível. Podem ser semeadas apenas espécies pioneiras de recobrimento, em talhões facilitadores de alta diversidade, dependendo se a resiliência da área a ser recomposta for baixa.

Semeadura direta com matraca. Fonte: RODRIGUE; BRANCALION; ISERNHAGEN, 2009.

No caso da preparação de Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas ou Alteradas (PRADA), o produtor precisa considerar:

Situação atual

Locais com BAIXO potencial de regeneração natural, devem apresentar: a) remanescentes naturais da vegetação a ser recomposta MUITO DISTANTES OU AUSENTES para a dispersão de sementes, b) banco de plântulas (indivíduos de plântulas jovens) e/ou banco de sementes INEXISTENTE no solo em condições ambientais adequadas para sua germinação e desenvolvimento e c) GRANDE espécies invasoras competidoras.

Situação atual. Foto: Felipe Ribeiro.

Implantação

As sementes são plantadas em grande quantidade, que, mesmo com mortalidade, permitem rápida cobertura do solo. Podem também ser plantadas em linha com espaçamento para permitir o manejo das entrelinhas. A operação a lanço, manual ou mecanizada, possibilita que a área toda seja alcançada no plantio, podendo ser semeadas apenas espécies de recobrimento e (ou) diversidade. Atende plantios para os estratos herbáceo e arbustivo.

Implantação: semeadura direta manual em APP úmida. Foto: Felipe Ribeiro.

Resultados Esperados após 2-3 anos

A estrutura da vegetação deverá ser de muitos troncos finos (“varetal”). Algumas plantas de crescimento lento (diversidade) poderão ficar bem pequenas, enquanto espera-se que as espécies de recobrimento possam apresentar copa mais intensa e fechada.

Resultados esperados após 2-3 anos. foto: Felipe Ribeiro.

Resultados Esperados após 10 anos

A vegetação já apresenta características de vegetação secundária e não necessita de manejo para seguir seu rumo em sentido à vegetação madura. Surgem regenerantes originados da chuva de sementes do próprio plantio e de áreas próximas.

Resultados esperados após 10 anos. Foto: Felipe Ribeiro.

Muvuca

O equipamento tipo Vicon é acoplado ao trator e ajuda na dispersão das sementes por toda a área a ser recomposta.

Semeadura direta mecanizada tipo muvuca. Foto: Felipe Ribeiro.

Como é muito importante a disponibilidade de sementes para a semeadura direta, a publicação Época de coleta de sementes de espécies para a recomposição ambiental no Bioma Cerrado traz informações sobre a época de coleta de frutos e sementes para 330 espécies do bioma Cerrados.

EMBRAPA CERRADOS, 2017. Foto: Felipe Ribeiro.

Saiba mais

Esta técnica tem sido usada em diferentes localidades. Veja a seguir diferentes instituições que estão aplicando esta técnica:

1- Clique no video abaixo e veja as atividades do Instituto Socio-Ambiental e da Rede Sementes do Xingu no plantio com semeadura direta. Ele mostra passo a passo a aplicação desta técnica de plantio com sementes de nativas do Cerrado com maquinário agrícola para promover a restauração. Este video faz parte do DVD Plantio Mecanizado de Florestas: faça você mesmo.

https://www.youtube.com/watch?v=0Oz5UBBI2co

2- Entrevista com André Nave da Bioflora em Piracicaba, SP para o Canal Rural sobre Semeadura Direta.

https://www.youtube.com/watch?v=4N39bT1WhQ4

Riscos

Preparo do solo, clima ou germinabilidade no plantio podem ter sido inadequados, com baixo estabelecimento e retorno de competidoras. É efetiva apenas para algumas espécies, resultando em diversidade reduzida. Eliminar competidoras exóticas na semeadura em linhas é mais fácil do que em área total, mas exige manutenção por período maior de tempo, especialmente quando as linhas são muito espaçadas.

Monitoramento

Porque monitorar?

O sucesso do monitoramento envolve diagnosticar, tomar decisões, intervir e avaliar os resultados da intervenção. Isso permite entender os parâmetros e os processos envolvidos na recomposição. Esse processo se repete no tempo, portanto, a recomposição deve acontecer em etapas, iniciando com áreas relativamente pequenas. Os resultados fornecem orientação para novas intervenções, permitindo encontrar erros e corrigi-los nos próximos plantios. Ações importantes no monitoramento: testar, aprender e corrigir.

O que monitorar?

Estrutura, diversidade e composição da vegetação são parâmetros comumente avaliados na restauração ecológica, pois são capazes de predizer o sucesso de recomposição da vegetação. Parâmetros simples para avaliar sucesso são densidade (número de indivíduos/ área) e riqueza (número de espécies) de plantas e cobertura do solo por diferentes formas de vida (vegetação competidora, solo exposto e árvores, arbustos e herbáceas nativas).

Como monitorar?

Os parâmetros podem ser avaliados por métodos simples. Na linha de amostragem marcada em uma trena no solo, posicionar a cada 50 cm uma vara de 2 m dividida em quatro partes de 50 cm. Em cada uma das quatro partes da vara, avalia-se todos os elementos vegetais que tocam nela. Para avaliar a riqueza de espécies e a densidade de regenerantes lenhosos com mais de 30 cm de altura, estica-se uma trena de 25 m numa faixa 1 m para cada lado da trena e contam-se as plântulas e arvoretas. Imagens fotográficas em épocas diferentes na mesma escala também ajudam a comparar a vegetação nativa, o solo exposto e as plantas competidoras em um mesmo local.

Onde monitorar?

Cada um dos parâmetros acima devem ser monitorados em área representativa do processo de recomposição.

Quando monitorar?

A legislação prevê que o proprietário rural tem 20 anos para a adequação ambiental, assim os parâmetros de sucesso devem ser avaliados periódicamente, de preferência no final da estação chuvosa.

Quem monitora?

Equipe que tenha alguma experiência em identificar e avaliar os parâmetros de sucesso no processo de recomposição da vegetação nativa.

Referências

webambiente/semeadura_direta.txt · Last modified: 2022/04/01 18:15 (external edit)